Enquete mostra que a maioria dos trabalhadores não teve capacitação para atender coronavírus
ISP divulga resultados preliminares de enquete realizada entre trabalhadores da saúde e serviços essenciais; informações coletadas mostram falta de EPI´s e capacitação, assim como risco de contaminação da população em geral
A campanha internacional “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas” está sendo realizada mundialmente pela ISP – Internacional de Serviços Públicos – Public Services International – confederação sindical internacional, sindicato global, que representa 30 milhões de trabalhadorxs em todo o mundo. No Brasil a campanha lançada em 31 de março, ganhou um diferencial que foi a inclusão do questionário online para que trabalhadoras e trabalhadores respondam sobre suas condições de trabalho. A campanha ampliou-se e atualmente participam tanto entidades afiladas a Internacional dos Serviços Públicos quanto entidades não afiliadas mas parceiras, é possível conferir no link da campanha a lista de entidades participantes. Das respostas coletadas, 84% são de trabalhadores da saúde, sendo 34% de enfermeiros, categoria de maior participação na iniciativa até o momento. E 55% dxs participantes afirmaram passar por sofrimento psicológico neste momento , inclusive 10% têm tido mais de 12 horas diárias de jornada de trabalho.
A Internacional dos Serviços Públicos (ISP) divulgou nesta terça-feira, 14, os resultados preliminares da enquete realizada entre trabalhadoras e trabalhadores da saúde e de serviços essenciais. Foram 1.025 questionários respondidos de forma voluntária, abarcando diversos estados brasileiros. São Paulo foi a unidade federativa de maior participação até o momento, seguido do estado do Ceará e do Rio de Janeiro. Da amostragem, 58% são servidores públicos, 77% alegaram não ter passado por capacitação adequada para o trabalho junto à população e 67% denunciaram insuficiência de equipamentos de proteção individual, sendo que 11% disseram não ter nenhum EPI- Equipamento de Proteção Individual, essas informações somadas as dificuldades de acesso aos testes de cononavírus, colocam em risco também a população que pode ser contaminada.
A Secretária Subregional para Brasil da ISP, Denise Motta Dau, reforça que a aplicação da enquete deva ser ampliada, mas considera que os resultados preliminares já são indicadores importantes e preocupantes fornecidos por profissionais que estão diariamente no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Seja na saúde, seja nos demais serviços essenciais.
As entidades estão articulando estratégias com o objetivo de reverter o quadro preocupante que se revela com os dados coletados. Foi destacado o Dia 28 de abril, Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho, como data de mobilização a ser intensificada nas redes sociais. O formulário da enquete seguirá aberto para participação dos trabalhadores, para atualização semanal, e os dirigentes reforçam a necessidade de registro das condições diárias de segurança e saúde, para que as ações sindicais possam ser mais precisas.